Fonte do "Milagre das Bilhas", nas Pias
Factor da maior importância na génese dos primeiros núcleos de povoamento rural, desde sempre que a água se assumiu como um elemento precioso na vida da comunidade aldeã, cumprindo diferentes funções. Em primeiro lugar, a água é utilizada para dessedentar os homens e os gados, sendo por isso comum a multiplicação de Fontes ao longo das bermas dos caminhos que orlam e atravessam os vários povoados do Concelho de Ferreira do Zêzere.
A principal finalidade de qualquer fonte comunitária é a de facilitar o provimento, recolha e utilização da água, quando esta não se encontra disponível de outro modo. Directamente abastecidas a partir de nascentes naturais, as estruturas fontanárias eram inicialmente muito simples, resumindo-se praticamente às fontes de chafurdo ou fontelas. Partindo da nascente, o pequeno curso de água crescia e, por entre vales e serranias, dava origem a ribeiras de caudal mais ou menos significativo, de acordo com o ritmo sazonal que lhe era imposto. Da sua presença dependia a irrigação das terras de cultivo, sendo a água um sustentáculo indispensável à vistosa policultura que caracteriza a região ferreirense, hidrograficamente rica.
Mas as fontes mais importantes eram, sem dúvida, aquelas cujas águas encerravam propriedades curativas e milagrosas. Em 1712, Frei Agostinho de Santa Maria, no seu Santuário Mariano, referia-se à Fonte do Casal dos Nabos, localizada perto da Ermida de Nossa Senhora da Orada, na Freguesia do Beco: “He tradição tambem antiga que entre esta ermida da Senhora [Ermida de Nossa Senhora da Orada] & hum casal, a que dão o nome do Casal dos Nabos, ha huma fonte, da qual em algum tempo correo della azeyte. E referem que huma mulher virtuosa & muyto devota da Senhora, em neccesidade que padecia, tirára daquella fonte varias vezes azeyte, o qual repartido por varias partes obrára Deos com elle grandes milagres & maravilhas, como foy em hum homem, o qual tinha hum cancro em os peytos cousa muyto disforme, & que untando se com este milagroso azeyte lhe cahira ou se secára & que ficára são e sem lesão alguma. E referem pessoas de supposição & fidedignas, que hum Dom Prior de Thomar tendo noticia das grandes maravilhas que com o azeyte da Senhora se obrava, fora com muyta gente nobre da mesma Villa de Thomar a ver aquella maravilha da fonte.”
Por sua vez, o Dicionário Corográfico de Pinho Leal (1873-1882), cita algumas passagens do Aquilégio Medicinal, relativamente a certas fontes e poços do Concelho de Ferreira do Zêzere: “Há na vila das Pias uma fonte chamada do Arco de Vila Verde, que lança grandíssima abundância de água, tão delgada, que gasta as pedras dos seus ductos e é de excelente virtude para os achaques de pedra e areia. A que chamam do Alqueidão de Vila Verde é muito leve e delgada, e de grande virtude para os achaques de pedras e areias, segundo a voz comum e a observação dos médicos. O poço no caminho de Jamprestes para os Pinheiros (...) cuja água sara admiravelmente as chagas da boca, tomando bochechas dela. O poço a que chamam da Silveira, cuja água tem tal virtude em fazer lançar as sanguessugas da garganta, que bebendo-a os gados em que elas têm entrado, logo as faz cair”.
Esta tendência para sacralizar a água manteve até aos dias de hoje e, em Ferreira do Zêzere, várias são as fontes em que foi afixado um painel azulejar alusivo a um determinado santo protector. Citem-se, a título de exemplo, as fontes de: Sto. António (Areias), S. Pedro (Cidral), S. João (Farroeira), S. Pedro (Farroeira), S. João Baptista (Pereiro) – na Freguesia de Areias –; São Silvestre (Portinha, Freguesia de Ferreira do Zêzere); Nossa Senhora de Fátima (Igreja Nova do Sobral); Milagre das Bilhas (Pias).
A grande maioria das fontes actualmente existentes no Concelho, foi construída durante a primeira metade do século XX, tendo já contabilizado um total de 41 destes elementos. Do ponto de vista arquitectónico, as estruturas fontanárias tratam-se de equipamentos comunitários muito simples, constituídos por edículas geralmente isoladas ou, por vezes, adossadas a muros ou paredes de uma outra construção. O sistema hidráulico que encerram é igualmente elementar, derivando nalguns casos do abastecimento directo de nascentes naturais, sendo o provimento de água efectuado a partir de uma bica. Na maioria das fontes, o jorro é projectado para uma pia, mas existem algumas estruturas dotadas de lavadouro, elemento que desempenhava importantes funções de higiene e limpeza públicas, pois era aí que as mulheres se deslocavam a fim de lavar a roupa da semana, quando não o podiam fazer no rio.
Em Ferreira do Zêzere existem ainda vários lavadouros públicos, que hoje em dia raramente são utilizados e que se encontram, nalguns casos, arruinados. Citem-se, a título de exemplo, os tanques de lavagem do Cidral, Farroeira, Menexas, Pereiro, Telhadas, Vila Verde (todos eles na Freguesia de Areias), Salgueiral (em Ferreira do Zêzere) e Paio Mendes.
A principal finalidade de qualquer fonte comunitária é a de facilitar o provimento, recolha e utilização da água, quando esta não se encontra disponível de outro modo. Directamente abastecidas a partir de nascentes naturais, as estruturas fontanárias eram inicialmente muito simples, resumindo-se praticamente às fontes de chafurdo ou fontelas. Partindo da nascente, o pequeno curso de água crescia e, por entre vales e serranias, dava origem a ribeiras de caudal mais ou menos significativo, de acordo com o ritmo sazonal que lhe era imposto. Da sua presença dependia a irrigação das terras de cultivo, sendo a água um sustentáculo indispensável à vistosa policultura que caracteriza a região ferreirense, hidrograficamente rica.
Mas as fontes mais importantes eram, sem dúvida, aquelas cujas águas encerravam propriedades curativas e milagrosas. Em 1712, Frei Agostinho de Santa Maria, no seu Santuário Mariano, referia-se à Fonte do Casal dos Nabos, localizada perto da Ermida de Nossa Senhora da Orada, na Freguesia do Beco: “He tradição tambem antiga que entre esta ermida da Senhora [Ermida de Nossa Senhora da Orada] & hum casal, a que dão o nome do Casal dos Nabos, ha huma fonte, da qual em algum tempo correo della azeyte. E referem que huma mulher virtuosa & muyto devota da Senhora, em neccesidade que padecia, tirára daquella fonte varias vezes azeyte, o qual repartido por varias partes obrára Deos com elle grandes milagres & maravilhas, como foy em hum homem, o qual tinha hum cancro em os peytos cousa muyto disforme, & que untando se com este milagroso azeyte lhe cahira ou se secára & que ficára são e sem lesão alguma. E referem pessoas de supposição & fidedignas, que hum Dom Prior de Thomar tendo noticia das grandes maravilhas que com o azeyte da Senhora se obrava, fora com muyta gente nobre da mesma Villa de Thomar a ver aquella maravilha da fonte.”
Por sua vez, o Dicionário Corográfico de Pinho Leal (1873-1882), cita algumas passagens do Aquilégio Medicinal, relativamente a certas fontes e poços do Concelho de Ferreira do Zêzere: “Há na vila das Pias uma fonte chamada do Arco de Vila Verde, que lança grandíssima abundância de água, tão delgada, que gasta as pedras dos seus ductos e é de excelente virtude para os achaques de pedra e areia. A que chamam do Alqueidão de Vila Verde é muito leve e delgada, e de grande virtude para os achaques de pedras e areias, segundo a voz comum e a observação dos médicos. O poço no caminho de Jamprestes para os Pinheiros (...) cuja água sara admiravelmente as chagas da boca, tomando bochechas dela. O poço a que chamam da Silveira, cuja água tem tal virtude em fazer lançar as sanguessugas da garganta, que bebendo-a os gados em que elas têm entrado, logo as faz cair”.
Esta tendência para sacralizar a água manteve até aos dias de hoje e, em Ferreira do Zêzere, várias são as fontes em que foi afixado um painel azulejar alusivo a um determinado santo protector. Citem-se, a título de exemplo, as fontes de: Sto. António (Areias), S. Pedro (Cidral), S. João (Farroeira), S. Pedro (Farroeira), S. João Baptista (Pereiro) – na Freguesia de Areias –; São Silvestre (Portinha, Freguesia de Ferreira do Zêzere); Nossa Senhora de Fátima (Igreja Nova do Sobral); Milagre das Bilhas (Pias).
A grande maioria das fontes actualmente existentes no Concelho, foi construída durante a primeira metade do século XX, tendo já contabilizado um total de 41 destes elementos. Do ponto de vista arquitectónico, as estruturas fontanárias tratam-se de equipamentos comunitários muito simples, constituídos por edículas geralmente isoladas ou, por vezes, adossadas a muros ou paredes de uma outra construção. O sistema hidráulico que encerram é igualmente elementar, derivando nalguns casos do abastecimento directo de nascentes naturais, sendo o provimento de água efectuado a partir de uma bica. Na maioria das fontes, o jorro é projectado para uma pia, mas existem algumas estruturas dotadas de lavadouro, elemento que desempenhava importantes funções de higiene e limpeza públicas, pois era aí que as mulheres se deslocavam a fim de lavar a roupa da semana, quando não o podiam fazer no rio.
Em Ferreira do Zêzere existem ainda vários lavadouros públicos, que hoje em dia raramente são utilizados e que se encontram, nalguns casos, arruinados. Citem-se, a título de exemplo, os tanques de lavagem do Cidral, Farroeira, Menexas, Pereiro, Telhadas, Vila Verde (todos eles na Freguesia de Areias), Salgueiral (em Ferreira do Zêzere) e Paio Mendes.
Tanque de lavagem do Salgueiral, em Ferreira do Zêzere
Por fim, refira-se que a maioria das estruturas fontanárias foi construída com o apoio camarário ou das juntas de freguesia locais, como o comprovam as epígrafes que, por vezes, são justapostas à edícula, e nas quais surge registado o ano de construção da fonte.
Fonte do Casal da Farroeira (Areias): “1939. Fonte do Casal da Farroeira, feita pela Câmara Municipal, com a comparticipação do Estado e pelo Povo do Lugar”.
Fonte de S. Pedro, Farroeira (Areias): “Fonte Pública da Farroeira. Reconstruída P Povo, Câmara e J. F. Areias. 1992.” Fonte das Meneixas (Areias): “Fonte das Meneixas. CMFZ em 29/8/1943”.
Fonte da Vitória, Pereiro (Areias): “Fonte da Vitória. 2/7/1935. Reconstruída CMFZ Junta de Freguesia 1992”.
Fonte do Vale da Cabrieira (Areias): “Fonte do Vale da Cabrieira. Câmara Municipal de Ferreira do Zêzere e Junta da Freguesia do Beco. 21 de Novembro de 1937”.
Fonte das Telhadas (Areias): “1938. Fonte das Telhadas de Ferreira do Zêzere”.
Fonte do Tojal (Areias): “1937. Fonte do Tojal. Câmara Municipal de Ferreira do Zêzere e Junta de Freguesia de Areias.”
Lavadouro de Ferreira do Zêzere: “C.M. 1930 F.Z.”
Fonte do Casal da Farroeira (Areias): “1939. Fonte do Casal da Farroeira, feita pela Câmara Municipal, com a comparticipação do Estado e pelo Povo do Lugar”.
Fonte de S. Pedro, Farroeira (Areias): “Fonte Pública da Farroeira. Reconstruída P Povo, Câmara e J. F. Areias. 1992.” Fonte das Meneixas (Areias): “Fonte das Meneixas. CMFZ em 29/8/1943”.
Fonte da Vitória, Pereiro (Areias): “Fonte da Vitória. 2/7/1935. Reconstruída CMFZ Junta de Freguesia 1992”.
Fonte do Vale da Cabrieira (Areias): “Fonte do Vale da Cabrieira. Câmara Municipal de Ferreira do Zêzere e Junta da Freguesia do Beco. 21 de Novembro de 1937”.
Fonte das Telhadas (Areias): “1938. Fonte das Telhadas de Ferreira do Zêzere”.
Fonte do Tojal (Areias): “1937. Fonte do Tojal. Câmara Municipal de Ferreira do Zêzere e Junta de Freguesia de Areias.”
Lavadouro de Ferreira do Zêzere: “C.M. 1930 F.Z.”
Chafariz da Praça Dias Ferreira, na Vila de Ferreira do Zêzere
No entanto, a construção de um fontanário pode igualmente dever-se à acção de um benemérito ou estar associada a um determinado acontecimento importante para a comunidade.
Fonte do Pelourinho (Águas Belas): “1940. Câmara Municipal de Ferreira do Zêzere. Antiga povoação doada em 1190 por el-rei D. Sancho I a Pedro Ferreira o fundador da vila de Ferreira do Zêzere e em 6 de Setembro de 1356 instituída em morgado na pessoa de D. Rodrigo Alvares Pereira irmão de D. Nuno Álvares Pereira cujos descendentes conservaram o seu senhorio até 29 de Dezembro de 1785 e sede da antiga vila e termo de Águas Belas. Sic Tran Sit Gloria Mundi!”
Fonte da Igreja de Dornes: “Dos paroquianos de Dornes como prova de gratidão no décimo aniversário de presença e serviço entre nós do pároco padre Artur Mendonça das Neves. Dornes 12 de Outubro de 1988.”
Chafariz da Praça Dias Ferreira (Ferreira do Zêzere): “Oferecida por Maria Dias Ferreira da Silva em memória de seu pae Joaquim Dias Ferreira MCMXLVI”.
Fonte do Salgueiral (Ferreira do Zêzere): “1937. Fonte e Lavadouro do Salgueiral. Construídos por iniciativa e à custa dos beneméritos Ex.mos S.es D. Joaquina Costa Dias Ferreira e seu marido Manuel António Dias Ferreira“.
Fonte de N. Sr.ª de Fátima (Igreja Nova do Sobral): “Igreja Nova 8/7/1973. Viandante, ao beberes desta água, irmana-te na gratidão dos igrejanovenses aos doadores do terreno onde se fez a sua exploração, Sr. Marcelino Antunes Sebastião e sua esposa D. Brigite da Conceição Sebastião.”
Fonte do Milagre das Bilhas (Pias): “CMFZ. Por iniciativa de José Batista e subsídio da casa de Ferreira do Zêzere em Lisboa foi oferecido este fontanário. Pias 1959. Arqtº Marciano Baptista Rodrigues.”
Fonte do Pelourinho (Águas Belas): “1940. Câmara Municipal de Ferreira do Zêzere. Antiga povoação doada em 1190 por el-rei D. Sancho I a Pedro Ferreira o fundador da vila de Ferreira do Zêzere e em 6 de Setembro de 1356 instituída em morgado na pessoa de D. Rodrigo Alvares Pereira irmão de D. Nuno Álvares Pereira cujos descendentes conservaram o seu senhorio até 29 de Dezembro de 1785 e sede da antiga vila e termo de Águas Belas. Sic Tran Sit Gloria Mundi!”
Fonte da Igreja de Dornes: “Dos paroquianos de Dornes como prova de gratidão no décimo aniversário de presença e serviço entre nós do pároco padre Artur Mendonça das Neves. Dornes 12 de Outubro de 1988.”
Chafariz da Praça Dias Ferreira (Ferreira do Zêzere): “Oferecida por Maria Dias Ferreira da Silva em memória de seu pae Joaquim Dias Ferreira MCMXLVI”.
Fonte do Salgueiral (Ferreira do Zêzere): “1937. Fonte e Lavadouro do Salgueiral. Construídos por iniciativa e à custa dos beneméritos Ex.mos S.es D. Joaquina Costa Dias Ferreira e seu marido Manuel António Dias Ferreira“.
Fonte de N. Sr.ª de Fátima (Igreja Nova do Sobral): “Igreja Nova 8/7/1973. Viandante, ao beberes desta água, irmana-te na gratidão dos igrejanovenses aos doadores do terreno onde se fez a sua exploração, Sr. Marcelino Antunes Sebastião e sua esposa D. Brigite da Conceição Sebastião.”
Fonte do Milagre das Bilhas (Pias): “CMFZ. Por iniciativa de José Batista e subsídio da casa de Ferreira do Zêzere em Lisboa foi oferecido este fontanário. Pias 1959. Arqtº Marciano Baptista Rodrigues.”
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