De acordo com António Baião, a fundação da igreja de Santo Aleixo remonta a 1510, ano em que os moradores do lugar do Beco pediram ao bispo de Coimbra, D. Jorge de Almeida, com o consentimento de El-Rei D. Manuel, licença para ouvir os ofícios divinos e receber os sacramentos num templo que tinham mandado erigir com o auxílio de Frei Aleixo de Cotrim, figura de renome na região. Foi-lhes concedido esse pedido, ficando por fregueses tão somente os moradores do Beco, a cujo cargo ficou a sua fábrica e conservação, assim como o pagamento do capelão, que tinha por dever não só dizer missa nos domingos e dias santos, como também três vezes por semana, e fazer os ofícios do Natal, Endoenças e Ramos. A renda do pé do altar pertencia ao vigário de Dornes, tendo sido instituído por capelão um clérigo secular, Duarte Dias, que renunciou anos depois ao seu lugar, sendo substituído por Frei Jorge Dias, o qual durante trinta e cinco anos paroquiou a Igreja do Beco. Os seus restos mortais foram sepultados na capela-mor, onde ainda hoje se encontra o seguinte epitáfio: Sepultura de Jorze Dias, vigario que foi 35 annos e falleceu a 6 d’Outubro de 1584.
O tombo das Notícias das Igrejas do Bispado de Coimbra (1726), de Bartolomeu Macedo Malheiro, faz igualmente referência à primitiva igreja de Santo Aleixo do Beco, dizendo-nos que «era bem madeirada de castanho e bem telhada, tinha de comprido quatro braças e oito palmos, e de largura três braças; o arco de cruzeiro era de pedra lavrada, tendo à direita o altar do Espírito Santo e à esquerda o de Nossa Senhora, com imagens de vulto. No altar-mor estava a imagem de Santo Aleixo, pequena pedra de vulto, e era forrado de azulejos muito bons».
Por sua vez, da compilação de Memórias Paroquiais do P.e Luís Cardoso (1758-1832), consta que o referido templo apresentava por essa altura «sinco altares, hum das Almas, outro do Senhor Jesus, outro da Senhora do Rozario, do Espirito Santo, Santo Antonio e de Santo Aleyxo, orago da igreja. Com tres naves, com oito columnas de pedras de cantaria, com huma Irmandade do Santissimo Sacramento».
Actualmente, a igreja de Santo Aleixo do Beco denuncia uma estrutura eclética, em virtude das sucessivas intervenções de que foi alvo ao longo dos tempos, acumulando-se várias manifestações estilísticas sobre a sua estrutura de base gótico-renascentista. A planimetria do imóvel, cuja tipologia se insere ainda dentro dos limites da arquitectura gótica, obedece a um esquema longitudinal simples, constituído por três naves de cinco tramos cada uma. As naves laterais, ligeiramente mais baixas que o corpo central, possuem cobertura em telhado de uma água, contrariamente à da nave central, que é em telhado de duas águas.
A fachada principal, rematada por uma simples empena triangular, trata-se de uma reconstrução do século XVII, de traço claramente maneirista. Apenas ostenta um portal de verga recta, a cujo entablamento se sobrepõe uma grande janela rectangular. Do lado esquerdo foi adossada uma torre sineira, rematada por meio de uma cobertura piramidal, sabendo que junto ao topo se rasgam quatro campanários, um em cada uma das faces da torre. Para além do portal principal, existem outros dois, localizados em cada uma das fachadas laterais do edifício.
O segundo altar, dotado de retábulo executado em talha policromada, é consagrado a Cristo Morto, cuja imagem, de grandes proporções, se conserva no interior de uma vitrina. Próximo deste altar, encontra-se uma pequenina imagem de roca representativa do Senhor dos Passos. Ainda no arco cruzeiro existem dois altares colaterais, cujos respectivos retábulos, executados em talha policromada, são em tudo idênticos aos até agora referidos.
O do lado do Evangelho é consagrado ao Sagrado Coração de Jesus, cuja imagem é ladeada, à esquerda, por S. Brás e, à direita, por Santa Luzia (0.740m altura), escultura de madeira do fim do século XVI. O do lado da Epístola é consagrado a Nossa Senhora da Conceição, imagem de roca de grandes dimensões, ladeada por Santa Ana e por São Joaquim. Também neste altar se encontram duas pequenas imagens quinhentistas e esculpidas em pedra, representativas de Santo Aleixo (0.815m altura) e de Santa Sabina, mulher de Santo Aleixo (0.900m altura).
A capela-mor encontra-se belissimamente decorada, a começar pelo altar de talha dourada da primeira metade do século XVIII, no qual se encontram duas pequeninas imagens representativas de S. Sebastião e de S. Francisco de Assis. Nos caixotões da abóbada, decorados a fresco, foram reproduzidos rendilhados e, por sua vez, as paredes encontram-se revestidas por um belíssimo forro azulejar de 43 unidades de altura. Trata-se de um conjunto de doze painéis, executados nos tons de azul e branco, separados entre si por um emolduramento de folhagens e anjinhos. Repousa a composição sobre um silhar de anjinhos trombeteiros, de execução caracteristicamente barroca.
Do lado do Evangelho, figuram-se passos da Vida de Abraão e, entre os painéis, espelhou-se nos azulejos a janela que lhe fica fronteira: Abraão vence os reis do Oriente; A visita dos três anjos; Um anjo do Senhor socorre Ismael; O sacrifício de Isaac; Abraão sacrifica um cordeiro.
Do lado da Epístola, os quadros representam passos da Vida de Moisés: A Vocação de Moisés; O regresso de Moisés ao Egipto; Moisés faz brotar água da rocha; Moisés recebe as Tábuas da Lei; A Batalha contra os Amalecitas.
Santos Simões data estes azulejos de entre 1730 e 1740 e coloca a hipótese do seu autor ter sido o mesmo que pintou os azulejos das capelas particulares da Quinta do Vínculo dos Senhores da Frazoeira e do Solar de Higino Otho de Queiroz e Melo, ambas localizadas no lugar da Frazoeira, Freguesia de Dornes. De acordo com o perito, este conjunto de obras poderá inserir-se na produção da Escola dos Bernardes, a qual deve o seu nome a António de Oliveira Bernardes, um dos mais importantes mestres azulejadores do século XVIII.
Já na sala de sacristia, cuja entrada se rasga do lado da Evangelho, conserva-se um armário de castanho, de portas lavradas do século XVII, em cujo interior foi colocado, actualmente, o quadro contador de electricidade do edifício. Por fim, numa pequena arrecadação improvisada sob um vão de escada, conservam-se três importantes imagens esculpidas em pedra: um São Sebastião (0.715m altura), de produção popular quinhentista, proveniente da ermida de São Sebastião do Beco; uma Santíssima Trindade, de igual produção popular, datada do século XVI; um Santo António com o Menino (0.815m altura), proveniente da ermida de Santo António de Ribelas, que revela uma modelação mais erudita bem como uma tímida influência oriental, quer ao nível do fácies do santo, quer na posição búdica em que o menino se senta a orar sobre o livro que santo segura nas mãos.
Por fim, e relativamente ao estado de conservação do templo, enquanto imóvel classificado como de interesse público, refira-se que, a partir de 1963, a DGEMN pôs em prática várias campanhas de reabilitação neste difício, as quais se prolongaram até ao ano de 1974. Nos últimos tempos, semelhantes trabalhos têm vindo a ser desenvolvidos por uma activa Comissão Fabriqueira pelo que, em virtude das várias intervenções realizadas ao nível da cobertura e pavimento, não são registadas situações alarmantes de infiltrações de humidade, susceptíveis de comprometer o estado de conservação do imóvel e correspondente património integrado.
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