No centro da povoação de Areias, enquadrado pelo casario próprio do lugar e pela encosta verdejante da Serra de São Saturnino, ergue-se um dos mais belos templos do Concelho de Ferreira do Zêzere: a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Graça.
Diz-nos Carvalho da Costa, na sua Corografia Portugueza, que a escolha do local para a fundação do templo terá resultado de intervenção divina pois, ao colocar-se a imagem de Nossa Senhora no lugar previamente seleccionado, esta daí desaparecia durante a noite para voltar a aparecer no morro onde hoje se ergue a Igreja Matriz.
Escolhido o lugar, iniciaram-se os trabalhos de construção do templo no ano de 1489, mandando o rei D. Manuel fazer a capela-mor em 1502 e terminando-se a sacristia em 1510.
A actual igreja é, porém, uma reconstrução do século XVI (c. 1548), dirigida pelo célebre arquitecto biscainho João de Castilho, responsável pelas grandes obras da Ordem de Cristo na região de Tomar, na época da reforma empreendida por Frei António de Lisboa. Em virtude das sucessivas campanhas construtivas pelas quais passou, a Igreja de Nossa Senhora da Graça de Areias denuncia várias influências estilísticas – renascentistas, maneiristas, barrocas – as quais se manifestam sobre uma mesma base estrutural gótica, essencialmente no que se refere ao arranjo espacial do interior do templo e à sua planimetria. Esta obedece a um esquema longitudinal, composto por três naves de seis tramos cada uma, sendo as naves laterais ligeiramente mais baixas que o corpo central. À fachada principal foi adossada uma torre sineira, subdividida por três registos, sendo o inferior constituído por uma galilé formada por três arcos de volta perfeita assentes em colunas jónicas; esta galilé, de acordo com a maioria dos autores, é atribuída a João de Castilho. No segundo registo, foi colocado um nicho com baldaquino e, sobre este, rasgado um grande janelão rectangular que ilumina o coro-alto. No último registo encontram-se os campanários, rematados por uma pequena empena triangular ladeada por dois pináculos.
O espaço interior é tripartido por meio de arcos de volta perfeita assentes sobre colunas jónicas, elevando-se sobre a entrada principal um coro-alto a que se acede por meio de um lanço de escadas colocado do lado esquerdo da entrada. Do lado direito, e delimitado por meio de gradeamento, rasga-se o baptistério, dotado da correspondente pia baptismal.
Todo o espaço interior é bastante iluminado, não só por meio dos portais principal e laterais do templo, mas também pelo conjunto de frestas decoradas a vitral que se rasgam ao longo de todo o corpo da igreja. O tecto da nave central é madeirado em masseira, enquanto que o das naves laterais é de apenas um plano. Por sua vez, a cobertura do coro-alto, assim como a da capela-mor, é em abóbada relevada, sendo que nas pedras de fecho foram esculpidos os símbolos de El-Rei D. Manuel, nomeadamente o escudo coroado e a cruz de Cristo.
Junto à capela-mor, e adossado ao fuste da última coluna do lado do Evangelho, encontra-se um púlpito de delicado lavor, obra renascentista de fuste delgado e cálice circular, sendo o friso superior preenchido por querubins.
A actual igreja é, porém, uma reconstrução do século XVI (c. 1548), dirigida pelo célebre arquitecto biscainho João de Castilho, responsável pelas grandes obras da Ordem de Cristo na região de Tomar, na época da reforma empreendida por Frei António de Lisboa. Em virtude das sucessivas campanhas construtivas pelas quais passou, a Igreja de Nossa Senhora da Graça de Areias denuncia várias influências estilísticas – renascentistas, maneiristas, barrocas – as quais se manifestam sobre uma mesma base estrutural gótica, essencialmente no que se refere ao arranjo espacial do interior do templo e à sua planimetria. Esta obedece a um esquema longitudinal, composto por três naves de seis tramos cada uma, sendo as naves laterais ligeiramente mais baixas que o corpo central. À fachada principal foi adossada uma torre sineira, subdividida por três registos, sendo o inferior constituído por uma galilé formada por três arcos de volta perfeita assentes em colunas jónicas; esta galilé, de acordo com a maioria dos autores, é atribuída a João de Castilho. No segundo registo, foi colocado um nicho com baldaquino e, sobre este, rasgado um grande janelão rectangular que ilumina o coro-alto. No último registo encontram-se os campanários, rematados por uma pequena empena triangular ladeada por dois pináculos.
Para além destes dois retábulos, conservam-se ainda, nas paredes laterais, outras duas estruturas retabulares, construídas em talha policromada, consagradas a Nossa Senhora de Fátima (lado do Evangelho) e ao Sagrado Coração de Jesus (lado da Epístola).
Por sua vez, ao arco cruzeiro foram justapostos dois altares colaterais, cujos respectivos retábulos, esculpidos em talha dourada, se encontram hoje irremediavelmente perdidos, por terem sido removidos no ano de 1979/1980 no decurso de um intervenção da Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais.
Não obstante, o do lado do Evangelho preserva ainda uma tela pintada a óleo representativa do tema do Pentecostes, juntamente com uma imagem de Nossa Senhora das Dores. Já o altar do lado da Epístola ostenta um Epifania pintada a óleo sobre tela, assim como uma imagem de S. José com o Menino.
Magnífico é o retábulo que se preserva na capela-mor, esculpido em talha dourada barroca, no qual não se encontra presente a imagem da padroeira, mas tão somente duas pequenas esculturas representativas de Nossa Senhora e de Santo António com o Menino. Em minha opinião, a imagem original de Nossa Senhora da Graça poderá corresponder à que actualmente se encontra no baptistério, em péssimo estado de conservação.
Esta imagem, bastante mutilada, representa uma Nossa Senhora com o Menino, obra executada em madeira policromada, que parece corresponder à referida por Frei Agostinho de Santa Maria no seu Santuário Mariano: «He esta sagrada imagem de estatura avultada, porque terá seis para sete palmos & tem em seus braços ao (sic) Menino Deos, naquela fórma em que se costumão obrar as Imagens de Nossa Senhora da Graça; he de escultura de madeyra, muyto bem estofada».
Igualmente do período barroco são os frescos de ramagens azuis, decorados a pintura de brutesco, que preenchem os espaços entre as nervuras da abóbada da capela-mor.
Quanto às restantes obras pictóricas, preservam-se três telas de traço popular pintadas a óleo, as quais representam Nossa Senhora com o Menino envolta por um coro de Anjos (lateral sul), Aclamação de Jesus Ressuscitado e S. Miguel no Purgatório (ambas na lateral norte).
Relativamente ao património azulejar, mencione-se que apenas a capela-mor deste templo foi revestida por painéis de azulejos de padrão seiscentistas, apresentando o tapete 66 unidades de altura. Predomina o azul e o amarelo, sendo o efeito decorativo reforçado por ornatos brancos, como elos de cadeia, que determinam grandes linhas diagonais. O tapete formado por estes azulejos tem por base um padrão 4X4, que utiliza dois elementos distintos. Obedece, portanto, ao esquema 4X4/2, que permite obter repetições de 16 unidades. No entanto, na Igreja Matriz de Areias os dois elementos, característicos deste padrão, foram isolados de modo a constituírem duas repetições independentes de 2X2/1, que o ladrilhador conjugou entre si. De acordo com Santos Simões, este foi um tipo de padrão que esteve muito em voga a partir de 1640, produzindo-se regularmente durante mais de vinte anos.
Por fim, refira-se que, apesar de no passado a Igreja de Nossa Senhora da Graça, enquanto imóvel classificado como de interesse público, ter sido por várias vezes intervencionada pela DGEMN, o estado de conservação do imóvel e correspondente património integrado encontra-se longe de estar estabilizado. Para tal contribui a excessiva humidade que se concentra no seu interior, resultado de infiltrações várias provenientes quer da cobertura, quer do próprio pavimento, onde se chega a acumular grande quantidade de água nos dias chuvosos. Por esta razão, seria importante proceder a uma revisão urgente do sistema de cobertura do edifício, a par de uma drenagem eficaz dos terrenos de assentamento do templo, sob o risco de se vir a perder irremediavelmente grande parte do belíssimo espólio desta igreja.
Quanto às restantes obras pictóricas, preservam-se três telas de traço popular pintadas a óleo, as quais representam Nossa Senhora com o Menino envolta por um coro de Anjos (lateral sul), Aclamação de Jesus Ressuscitado e S. Miguel no Purgatório (ambas na lateral norte).
Relativamente ao património azulejar, mencione-se que apenas a capela-mor deste templo foi revestida por painéis de azulejos de padrão seiscentistas, apresentando o tapete 66 unidades de altura. Predomina o azul e o amarelo, sendo o efeito decorativo reforçado por ornatos brancos, como elos de cadeia, que determinam grandes linhas diagonais. O tapete formado por estes azulejos tem por base um padrão 4X4, que utiliza dois elementos distintos. Obedece, portanto, ao esquema 4X4/2, que permite obter repetições de 16 unidades. No entanto, na Igreja Matriz de Areias os dois elementos, característicos deste padrão, foram isolados de modo a constituírem duas repetições independentes de 2X2/1, que o ladrilhador conjugou entre si. De acordo com Santos Simões, este foi um tipo de padrão que esteve muito em voga a partir de 1640, produzindo-se regularmente durante mais de vinte anos.
Por fim, refira-se que, apesar de no passado a Igreja de Nossa Senhora da Graça, enquanto imóvel classificado como de interesse público, ter sido por várias vezes intervencionada pela DGEMN, o estado de conservação do imóvel e correspondente património integrado encontra-se longe de estar estabilizado. Para tal contribui a excessiva humidade que se concentra no seu interior, resultado de infiltrações várias provenientes quer da cobertura, quer do próprio pavimento, onde se chega a acumular grande quantidade de água nos dias chuvosos. Por esta razão, seria importante proceder a uma revisão urgente do sistema de cobertura do edifício, a par de uma drenagem eficaz dos terrenos de assentamento do templo, sob o risco de se vir a perder irremediavelmente grande parte do belíssimo espólio desta igreja.
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