Nem sempre a Freguesia de Igreja Nova do Sobral pertenceu ao concelho de Ferreira do Zêzere. Os mais antigos registos referem que, inicialmente, o povoado do Sobral pertencia à Freguesia de São Pedro de Alviobeira, apartada da Igreja de Santa Maria de Areias a 3 de Dezembro de 1592, por carta de D. Diogo Pinheiro, vigário geral da Ordem de Cristo.
São Pedro de Alviobeira passou então a estar integrada na Comarca de Tomar e, por volta de 1608, Sobral é instituída freguesia independente. A importância do povoado era tal que, a partir de Março de 1609, se procede à construção de um novo templo de invocação ao Espírito Santo, daí derivando o nome de Igreja Nova do Sobral atribuído a esta freguesia.
Igreja Nova do Sobral pertenceu a Tomar até ao dia 24 de Outubro de 1855, data após a qual seria integrada no concelho de Ferreira do Zêzere. Actualmente, é constituída pelos seguintes lugares: Água-Todo-O-Ano, Azenha Nova, Casal da Estrada, Casal da Fonte Nova, Casal da Fonte do Sobral, Casal Novo, Castelaria, Couço Cimeiro, Couço do Meio, Couço dos Pinheiros, Couço Fundeiro, Hortas, Igreja Nova, Lamaceiros, Lameiras, Mata, Matos, Meneixo, Mourolinho, Paieres, Pegados, Penedinho, Regueiras, Ribeira Barqueira, Salgueiral, Serra de Santa Catarina, Serrada Nova, Sobral e Tanoeiros.
Dos exemplares de arquitectura religiosa reminiscentes nesta freguesia contam-se três, para além da Igreja Paroquial do Espírito Santo, já analisada na crónica anterior: a Capela de Nossa Senhora do Ó no Sobral, a Capela de Nossa Senhora das Candeias no Mourolinho e a Capela de Santa Catarina na Serra com o mesmo nome.
A Capela de Nossa Senhora do Ó localiza-se no lugar do Sobral e corresponde a um edifício reabilitado de planta longitudinal e nave única, dotada de cobertura em telhado de duas águas. Do corpo central destaca-se o volume correspondente à capela-mor, mais baixa e estreita. A frontaria é composta por uma simples porta rectangular, encimada por uma fresta cruciforme enquanto que, do lado esquerdo da empena, se eleva um campanário. Por sua vez, também na lateral norte se rasga uma porta sobrepujada por uma cruz de Cristo, elemento esculpido em material pétreo e embutido na parede.
Já pelo interior o destaque vai para a capela-mor onde, sobre o altar, foi adossado um nicho de claro lavor renascentista, que ainda preserva vestígios de policromia avermelhada. Na cantaria da base e das pilastras repetem-se as flores circunscritas, os losangos e os corações esculpidos em alto relevo; por sua vez, no friso, a par dos elementos fitomórficos, surgem esferas e filacteras, enquanto que nos tímpanos aparecem dois medalhões.
Ao espaço interior do nicho, decorado por uma abóbada raiada, foi adaptada uma vitrina, na qual se conserva a imagem padroeira: Nossa Senhora da Expectação que, ao contrário do que se poderia supor, não ostenta nenhum ventre proeminente. Junto ao orago conserva-se ainda uma imagem alusiva à Santíssima Trindade (0.895m altura), obra executada em madeira policromada e datada da segunda metade do século XVII.
No Mourolinho localiza-se um outro templo, consagrado a Nossa Senhora das Candeias, mas que se apresenta um pouco modificado relativamente ao seu plano arquitectónico original, em virtude de sucessivas campanhas reconstrutivas. Do volume central, que mantém o característico traço longitudinal de nave única, destacam-se dois volumes: um alpendre que antecede a frontaria e uma pequena sala de sacristia que se desenvolve pela lateral norte do templo.
Pelo interior, a cobertura é madeirada em masseira e o pavimento recoberto a mosaico cerâmico, no qual existe um passadiço central lajeado que progride desde a entrada principal até à capela-mor. O acesso a este espaço é realizado por intermédio de um arco cruzeiro de volta perfeita e desnível de um degrau.
Aí, num pequeno nicho de cantaria policromada, preserva-se a imagem de Nossa Senhora das Candeias, cuja iconografia repete os mesmos atributos ostentados pela Nossa Senhora da Purificação: transportada por um coro de querubins, a imagem apresenta-se coroada e adornada por vestes esvoaçantes, enquanto que na mão direita segura o Menino e na esquerda um incensório.
Por fim, no lugar do Pé da Serra, seguindo ao longo de um caminho florestal, chega-se à Capela de Santa Catarina. Este pequeno templo denuncia uma marcada horizontalidade, destacando-se do corpo central, de nave única, os volumes correspondentes à capela-mor, mais baixa e estreita e, pela lateral sul, à sala de sacristia. Quanto ao sistema de coberturas, mantém-se o telhado de duas águas na nave central e capela-mor, e de uma única água na sacristia. Por sua vez, a frontaria, que termina em empena triangular, é simplesmente constituída por uma porta rectangular, encimada por uma fresta cruciforme e ladeada por duas pequenas janelas quadrangulares.
Relativamente ao interior do templo, este é dotado de cobertura madeirada em masseira e pavimento lajeado. Na nave central, e adossado à lateral norte, destaca-se um pequeno púlpito de cálice balaustrado em madeira, que se ergue sobre uma base pétrea.
Um arco cruzeiro de volta perfeita dá acesso à capela-mor onde, sobre o altar, um Cristo Crucificado é ladeado pelas imagens padroeiras de São João Baptista e de Santa Catarina (0.745m altura), ambas talhadas em pedra e originárias de uma oficina popular do século XVI.
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