Ferreira do Zêzere é uma das freguesias do concelho que apresenta maior densidade populacional, não sendo por isso de estranhar o grande número de templos que ainda hoje se mantêm ao culto nos mais diversos lugares, onde ocupam lugar de destaque e são motivo de orgulho para os populares que, anualmente, procedem aos devidos festejos em honra do santo padroeiro.
Começos, por isso, na povoação do Cardal, em cuja respectiva capela se mantém o culto a Nossa Senhora da Purificação. Do ponto de vista arquitectónico, trata-se de um templo datado de 1751 mas sucessivamente reabilitado por várias campanhas reconstrutivas, a última das quais terá ocorrido no ano de 1982. Obedece à característica planimetria longitudinal de nave única, sendo a fachada principal antecedida por um alpendre, elemento inovador introduzido no ano de 1963. É a frontaria constituída por um portal de lintel ligeiramente curvo, ladeado por duas pequenas janelas quadrangulares e encimado por óculo. Termina numa empena curvilínea que se sobrepõe a uma empena triangular, delimitada por dois fogaréus e sobrepujada por uma cruz de Cristo. Pela lateral norte destaca-se o volume correspondente à sala de sacristia, dotada de acesso pelo exterior e igualmente antecedida por um pequeno alpendre. Esta dependência encontra-se directamente justaposta à capela-mor, sendo mais baixa e estreita que a nave central, mas igualmente dotada de cobertura em telhado de duas águas. Pelo interior, eleva-se sobre o portal principal um pequeno coro-alto. A cobertura do corpo central é em masseira, sendo o pavimento madeirado. Acede-se à capela-mor por intermédio de um arco cruzeiro de volta perfeita e desnível de um degrau. Neste espaço rasga-se, do lado esquerdo, o acesso à sala de sacristia. A cobertura é em abóbada de caixotões e o pavimento lajeado, formando em frente do altar-mor uma cruz de Cristo.
Contrariamente ao que seria de esperar para um templo de tão reduzidas dimensões, a capela de Nossa Senhora da Purificação conserva no seu interior uma importante riqueza decorativa que se concentra na capela-mor.
O altar, produzido em talha policromada, preserva no nicho central a imagem da padroeira, escultura de madeira do século XVIII: Nossa Senhora da Purificação, transportada por um coro de querubins, segura nos braços o Menino. A imagem apresenta-se coroada, adornada por vestes esvoaçantes, enquanto que na mão esquerda ostenta um incensório. Juntamente com a padroeira, encontra-se uma outra pequenina imagem, alusiva a Nossa Senhora da Conceição. Por sua vez, também os caixotões da abóbada da capela-mor foram decorados por meio de pinturas murais de elementos vegetalistas. Este espaço é iluminado por uma pequena lanterna de vara, feita de folha de ferro, decorada com os furos habituais; a chama alimentada a azeite mantém incessante a sua vigília.
No lugar dos Carvalhais o culto presta-se a Nossa Senhora da Conceição, cujo referido templo é citado nas “Memórias Paroquiais” do padre Luís Cardoso (1758). A capela mantém o esquema longitudinal de nave única, sendo a fachada principal, à semelhança da capelinha de Nossa Senhora da Purificação, antecedida por um alpendre que aqui se aproxima mais de um esonártex. É esta fachada constituída por um portal rectangular, ladeado por duas pequenas janelas igualmente rectangulares. Destaca-se do corpo do templo, pela lateral sul, o volume correspondente à sala de sacristia, dotada de acesso pelo exterior e sobre a qual se eleva um pequeno campanário.
Pelo interior, a cobertura é em masseira, madeirada, assim como o pavimento, não existindo qualquer demarcação entre a nave central e o espaço reservado ao altar-mor. Este último apresenta-se como uma obra executada em talha policromada, constituída por três nichos. O nicho central é reservado à padroeira, Nossa Senhora da Conceição, escultura de pedra quinhentista, coroada e com o Menino nos braços a ler, enquanto que na mão esquerda segura um fruto. A imagem é ladeada por São José (lado do Evangelho) e pelo Sagrado Coração de Jesus (lado da Epístola).
A Capela de Santo António, localizada no lugar da Pombeira, goza de um belíssimo enquadramento rural, rodeada pela serrania e pelo casario típico do povoado, paisagem em tempos registada a carvão pela mão do humanista Alfredo Keil. O templo é muito simples e de reduzidas dimensões, sendo a fachada principal tão-somente constituída por uma porta rectangular encimada por um arco campanário. Na lateral sul rasga-se uma fresta, única abertura, a par da entrada, que permite iluminar a capela. Pelo interior, o espaço é igualmente reduzido, concentrando-se os elementos de culto na parede frontal, sobre um pequeno altar aí edificado. A par de algumas alfaias religiosas, dois castiçais, uma estante de missal, uma imagem de Cristo Crucificado e outra de Nossa Senhora de Fátima, conserva-se, num pequeno nicho aberto na parede frontal e dentro de uma redoma de vidro, a imagem padroeira de Santo António. É esta bastante curiosa pois o Santo não se limita a segurar o Menino nos braços: vendo que este se agita, Santo António tenta cobri-lo com um manto alvo, comparando-se assim os cuidados do padroeiro aos de uma mãe zelosa.
Também na Pombeira se localiza uma outra capela, dedicada a São João Baptista, cujo ano de consagração não consegui apurar. Não obstante, trata-se de um edifício de recente construção, de planimetria longitudinal e nave única, com cobertura em telhado de duas águas. A fachada principal é constituída por um pórtico de lintel semicircular, encimado por uma cruz de Cristo. Na empena do lado direito ergue-se um arco campanário.
Pelo interior, a cobertura é plana, não madeirada, sendo o pavimento lajeado. Povoam a nave central várias imagens alusivas a Nossa Senhora de Fátima, São José com o Menino e ao Sagrado Coração de Maria. A passagem para a capela-mor é realizada por intermédio de um arco cruzeiro de volta perfeita. Aí, sobre uma mísula adossada à parede frontal, destaca-se a imagem do padroeiro: São João Baptista, vestindo túnica de pele de carneiro cingida por um cordão, tem como atributos um cordeiro e um estandarte com a legenda «Ecce Homo», ao mesmo tempo que, com o indicador da direita erguido, anuncia para breve a chegada do Messias.
Outro templo recentemente intervencionado é a Capela de São Silvestre, edificada na povoação da Portinha e igualmente citada nas “Memórias Paroquiais” do padre Luís Cardoso (1758). A planimetria deste templo obedece a um esquema longitudinal de nave única e cobertura em telhado de duas águas, na junção das quais se ergue um pequeno campanário. A fachada principal é constituída por uma única porta de lintel semicircular; por sua vez, a fachada norte é ocupada pelo volume da sala de sacristia, mais baixa que o corpo central, e dotada de acesso pelo exterior que se rasga lateralmente ao pórtico. Esta dependência é iluminada por duas janelas, uma quadrangular e outra de lintel semicircular, idêntica à que se abre na lateral oposta. Pelo interior, a cobertura é em masseira, encontrando-se a capelinha despojada da quase totalidade dos seus elementos decorativos, tendo sido apenas foi preservado um antigo altar esculpido em talha policromada. Na sequência da última intervenção foi ainda aplicado aos muros interiores do imóvel um silhar de azulejos de produção industrial, numa altura de oito unidades, cujos exemplares executados nos tons de azul, branco e amarelo, obedecendo a um módulo de repetição de 2X2/2, e delimitados pelo correspondente friso no limite superior.
Por fim, refira-se um dos templos mais emblemáticos de todo o concelho de Ferreira do Zêzere: a Capela de São Pedro de Castro, imóvel classificado como de interesse público. Localizado no cimo de um morro que se ergue à beira do rio Zêzere e ao qual apenas se acede por meio de um caminho florestal em terra batida, este pequeno templo é rodeado por um amplo adro calcetado no qual foi construído, anexado ao templo, um telheiro que serve de apoio à realização das festas anuais em honra do santo padroeiro. É desconhecida a data de fundação e construção deste templo; no entanto, e de acordo com algumas narrativas, a capela de São Pedro de Castro terá sido edificada sobre um antigo castro romano. De facto, na fachada principal conserva-se ainda uma lápide romana inscrita, cuja tradução é apresentada por Carlos Batata e Paulo Arsénio na sua “Carta Arqueológica do Concelho de Ferreira do Zêzere”: “Aos Deuses Manes. A Antónia Máxima, Antónia Modesta, sua mãe, e Lúcio Abílio Celer, seu marido, mandaram fazer em memória.” No século XV terá sido reedificada, no mesmo local, uma nova capela, na construção da qual foram empregues alguns dos elementos do primitivo templo. O padre António Carvalho da Costa refere ainda que «ha tradição que no sitio da Castanheyra na borda do rio Zezere, onde chamão o Mosteyro, esteve hum Convento de Frades Bernardos, o qual se extinguio, & que das suas pedras se fizera a dita Ermida». De acordo com António Baião existia um ermitão encarregue da limpeza e conservação da capela de São Pedro de Castro que, em 1571, era Brás Fernandes e, em 1576, Domingos Fernandes, provavelmente parente do anterior. Frei Francisco Aires, prior de Ferreira, atestou o bom comportamento dos dois, que tinham para ajuda da sua sustentação as esmolas dos fiéis que podiam pedir na vila e arredores.
Do ponto de vista arquitectónico, a capela de São Pedro de Castro trata-se de um templo de inspiração gótica, visível sobretudo no pórtico em arco quebrado que se rasga na fachada principal. É este antecedido por uma escadaria de lanço reduzido e encimado por uma fresta, do lado direito da qual se localiza a já citada lápide romana. A fachada principal termina numa empena triangular desigual, elevando-se sobre o beiral esquerdo um pequeno campanário, hoje disfuncional. O templo é de planta longitudinal e nave única, dotado de cobertura em telhado de duas águas e de uma outra entrada na lateral direita. Do corpo central salienta-se o volume correspondente à capela-mor, dependência mais baixa e estreita que a nave, dotada de fresta na lateral esquerda e com cobertura em telhado de três águas.
O interior caracteriza-se pela sua parca luminosidade e despojamento decorativo. O acesso à capela-mor é realizado por intermédio de um arco cruzeiro de verga recta. Neste espaço, os muros não se encontram rebocados, sendo visível o aparelho construtivo, executado em alvenaria de natureza calcária. Aqui, o pavimento é lajeado e recoberto por madeiramento, enquanto que na nave foi utilizada uma argamassa cimentícia; por sua vez, em toda a extensão do templo, a cobertura é madeirada e de três planos.
A riqueza decorativa deste templo concentra-se na capela-mor, onde convivem exemplares das mais distintas épocas. Comece-se com a própria mesa de altar, a qual foi revestida por azulejos mudéjares de aresta ou cuenca, técnica de importação granadina que conheceria grande difusão no território português a partir dos finais do século XV. Sobre o altar eleva-se um retábulo de talha barroca dourada e policromada conservando-se, no nicho central, uma imagem de pedra quinhentista representativa de São Pedro de Castro, vestido como apóstolo e que nas mãos segura um livro e um crucifixo.
Ao longo das paredes da capela-mor dispõem-se oito tabuinhas pintadas a óleo, cujas composições são alusivas a milagres operados pelo Santo entre os séculos XVII e XIX. Para além destes ex-votos existem ainda três gravuras muito interessantes onde S. Pedro é representado.
2 comentários:
Vente a por tomar por culo.. la capela de la portinha de são silvestre.. nao está así.. vivi ahí mucho anos mis padres sigue ahí . Estuve los santos en mi casa .
Ana Torrejais.. espero que cambies la foto .
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